terça-feira, 11 de abril de 2017

Alcântara (a batalha)

D. António [o prior do Crato], que era chamado pelas circumstancias a representar o papel de D. João I, e que, bem como elle, tinha por si o amor popular, foi um miserável, que só se collocou á frente das resistências, as quaes dirigiu sem ordem, sem juizo, e sem energia, porque não lhe chegaram os castelhanos ao preço porque lhes queria vender alma e corpo [...]

Sala de Portugal, palácio de El Viso del Marqués.
Imagem: Flickr

Finalmente a revolta dirigida por D. António, que se fez acclamar rei de Portugal, rebentou em Santarém, e extendeu-se a Lisboa, e a Setúbal, donde os trez governadores affeiçoados ao domínio extrangeiro, e que ahi se tinham acolhido como a logar seguro, fugiram para Ayamonte e declararam francamente, por uma sentença a favor do rei castelhano, que de feito renegavam a independência do seu país.

Entrada no estuário do Tejo da armada espanhola comandada por D. Alvaro de Bazan.
Sala de Portugal, palácio de El Viso del Marqués.
Imagem: Barcos, mar y arte

Entretanto o famoso duque d'Alva, talvez o primeiro capitão do seu tempo, entrava com um poderoso exercito pelo Alemtejo e subjugava successivamente todas as povoações importantes. Chegado a Setúbal e rendida esta villa, embarcou o exercito hespanhol na armada de D. Álvaro Bazan, e desembarcando em Cascaes acommetteu Lisboa, que debalde D. António tentou defender. 

Lisbona citta principale nel regno di Portogallo
fu presa dall'armatta con l'esercito del re catolico all ultimo d'agosto l'anno 1580, Mario Cartaro.
Imagem: Universität Salzburg

Assenhoreados os castelhanos da capital, o reino seguiu brevemente o destino della, e D. António, foragido por muito tempo, teve de ir por fim buscar asylo em França, onde machinou todas as suas vãs tentativas para recuperar um sceptro que não soubera conservar.

Retrato do sitio e ordem da batalha dada entre o senhor dom António, nomeado rei de Portugal, e o duque de Alba, tenente e capitão general do rei católico dom Filipe II, diante de Lisboa por mar e por terra, num mesmo dia, 25 de agosto de 1580. Palmela 5 leguas de lisboa; Almada; Armada de dom António; galeras de sua magestade; Torre Velha que estava por dom António; Rio Tejo; naus de sua magestade; Lisboa; castelo; arrabal de Santa Catarina; portugueses; moinho; italianos; italianos; Burgo; Santo Amaro; quinta; Belém; Torre de Belém; S. Bento; portugueses que fogem; portugueses que fogem; ponte de Alcântara; italianos e ; alemães; alojamiento do exército de sua magestade; campo de dom António; tendas de dom António; portugueses; ribeira de Alcântara; artilharia de sua magestade; espanhois; artilharia de sua magestade; quintas; portugueses de dom António; portugueses; duque de Alba; alemães; cavalaria de sua magestade; Sancho de Avila; arcabuzeiros espanhois que vão acometer cavallos ligeiros; o prior don Fernando; arcabuzeiros a cavalo e ginetes.
Batalha de Alcântara, 1580, representação c. de 1595.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

Tal é em resumo a forma por que Portugal caiu debaixo do jugo castelhano. (1)


(1) Alexandre Herculano, Opúsculos Tomo VI, Lisboa, Livraria Bertrand

Artigos relacionados:
Romantismo e Patuleia na Quinta da Rabicha
Geração de 70 e Quinta da Rabicha

Leitura adicional:
José Azevedo, A memória na cidade e os baluartes de Alcântara...
Archivo Pittoresco, n.° 5, 1862
Archivo Pittoresco, n.° 6, 1862
Archivo Pittoresco, n.° 7, 1862
Archivo Pittoresco, n.° 8, 1862
Archivo Pittoresco, n.° 23, 1862
A. Vieira da Silva, A Ponte de Alcântara e suas circunvizinhanças...
Os limites de Lisboa
Leonor Albuquerque, Estudo da Paisagem do Vale de Alcântara

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